O Brasil é um dos maiores celeiros de fintechs no mundo. Segundo o Radar FintechLab, já são mais de 1.500 fintechs ativas no país, atuando em áreas que vão desde contas digitais e crédito até criptoativos e seguros. Esse cenário evidencia um movimento claro: a descentralização dos serviços financeiros, aliada a soluções tecnológicas que tornam o acesso mais democrático.

Mas junto com a inovação, vem também a responsabilidade. A simplicidade para abrir contas e movimentar valores, que antes era privilégio dos bancos, hoje está nas mãos de qualquer cidadão com acesso à internet. Essa acessibilidade, se não for acompanhada de mecanismos sólidos de controle, pode abrir brechas para atividades ilícitas como fraudes, evasão fiscal e lavagem de dinheiro.

É neste contexto que o governo brasileiro discute novas diretrizes para o setor, com foco em transparência, compliance e alinhamento regulatório.

O que está em debate?

As discussões em curso envolvem três pilares centrais:

Regras mais rígidas para abertura de contas digitais em fintechs

• O objetivo é dificultar a abertura de contas com identidades falsas ou documentação incompleta.

A implementação de tecnologias de validação biométrica e verificação documental automatizada será fundamental para garantir esse controle.

• Obrigatoriedade de reportar transações suspeitas às autoridades competentes (como o Coaf)

A regra já vale para bancos, mas deve se tornar padrão também entre fintechs. Em 2023, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) recebeu mais de 1,5 milhão de comunicações suspeitas, e grande parte delas já vem de instituições não bancárias — um indicativo da necessidade de padronização no setor

• Alinhamento às práticas de compliance das instituições financeiras tradicionais

Isso inclui a criação de áreas internas de controle, políticas de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) e know your customer (KYC), além de auditorias regulares.

Por que isso é importante?

A regulação não é um entrave, ela é o alicerce da confiança. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, cerca de 5% do PIB global é perdido anualmente em esquemas de lavagem de dinheiro, o que reforça a urgência de criar barreiras eficazes a esse tipo de crime.

Fintechs são essenciais para a modernização do sistema financeiro, mas não podem ser o elo fraco da cadeia. Em 2022, o Banco Central do Brasil já havia alertado que o crescimento acelerado do setor precisa vir acompanhado de mecanismos que protejam a integridade do sistema como um todo.

Além disso, o mercado valoriza fintechs que se antecipam às exigências legais. Investidores institucionais e fundos estrangeiros cada vez mais priorizam empresas com governança sólida e estruturas robustas de segurança e compliance.

O papel estratégico da tecnologia

Implementar essas mudanças exige mais do que boa vontade: exige infraestrutura tecnológica especializada. Ferramentas que usam machine learning para detecção de padrões suspeitos, automação no processo de abertura de contas, identificação de clientes (KYC) em tempo real, entre outras funcionalidades, passam a ser diferenciais competitivos.

Empresas de tecnologia voltadas para o setor financeiro, como a Faciltech, têm um papel essencial nesse processo. Sem protagonismo direto, mas com soluções capazes de integrar inovação e segurança, essas organizações fornecem os sistemas que viabilizam a adequação regulatória sem comprometer a experiência do usuário — o verdadeiro diferencial das fintechs.

Dados que reforçam o cenário

84% das fintechs brasileiras afirmam que já investem em compliance, mas apenas 39% têm políticas formais e estruturadas. (Fonte: PwC Fintech Report 2023)

O número de transações eletrônicas no Brasil ultrapassou 80 bilhões em 2023, segundo a Febraban, com crescimento expressivo via carteiras digitais e apps de fintechs.

Em países que endureceram regras de reporte como Reino Unido e Canadá, houve uma redução média de 18% nas tentativas de lavagem de dinheiro no primeiro ano após as mudanças regulatórias.

Crescimento com responsabilidade

A regulação em debate é mais que uma exigência legal: é um marco de maturidade para o setor. Fintechs que desejam crescer de forma sustentável precisam se alinhar às melhores práticas do mercado financeiro — e isso envolve transparência, rastreabilidade e cooperação com as autoridades.

A boa notícia é que a tecnologia está do lado certo dessa história. Com as ferramentas certas, é possível cumprir exigências legais, manter a eficiência operacional e entregar uma experiência excepcional ao usuário.

Para quem atua no setor, o momento é de adaptação. Mas para quem desenvolve tecnologia com foco em segurança e inteligência financeira, o cenário representa uma enorme oportunidade de contribuição para um sistema mais seguro, justo e inovador.

Por Marketing Fáciltech